domingo, 24 de abril de 2011

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As competências dos jovens Adventistas

Praticamente desde o princípio da nossa existência como Igreja organizada, aprendemos a valorizar a importância dos jovens na igreja. A sua dinâmica, entrega, dedicação e capacidade de empreender desde sempre foram uma força da maior relevância. Não por acaso, temos até um livro de compilações de Ellen Whie ('Mensagens aos Jovens') dedicado exclusivamente a esta faixa etária.

É evidente que hoje os desafios que se colocam perante eles são muito, mesmo muito diferentes do que eram apenas algumas décadas atrás. A própria sociedade mudou radicalmente: desde os valores e princípios que a regulam até ao acesso ao conhecimento, passando pelas ferramentas de comunicação nas quais os jovens se tornaram hábeis manuseadores, são poucos os pontos de contato com a prática diária dos seus pais, enquanto jovens.

Devemos reconhecer que hoje é exercida uma pressão grotesca sobre crianças, adolescentes e jovens adultos. Quer nos estudos ou na recreação, a rapidez com que tudo acontece muitas vezes nem sequer deixa margem para desfrutar, quanto menos pensar e refletir. É-lhes proposto apenas que absorvam cada momento o melhor que puderem, num rodopio de atividades e exigências que, creio, é na maior parte dos casos mais prejudicial do que benéfica. Mais valeria haver menos, mas melhor.

Contudo, e como em qualquer âmbito da nossa vivência como Adventistas do Sétimo Dia, há algo que não muda (pelo menos, não deveria mudar...): os jovens são escolhidos especiais de Deus para executarem o Seu propósito, serem portadores da Sua mensagem (que, diga-se, também se mantém inalterável) e atuarem como Suas testemunhas, usando o vigor da sua juventude (que logo passará...) em favor da maior obra que existe.

Isto não lhes acrescenta mais pressão; pelo contrário, a invasão de novas tarefas, responsabilidades e até competências que as suas vidas sofreram é que os assoberbaram com um fardo que tantas vezes se demonstra pesado demais para suportar facilmente. E, com isto, acaba por se substituir aquela que devia ser a prioridade da sua ação - ser um discípulo de Jesus, sempre e a cada instante -, pelas modernas exigências de um estilo de vida que está magistralmente formatado para roubar o tempo e a disponibilidade que deveriam ser dedicados a Deus - quer em estudo e meditação, serviço prático ou testemunho.

Do exagero na prática do que não é a primeira prioridade (sob o ponto de vista divino), resulta um cansaço mental e físico que não deixa espaço de manobra. Não há agilidade para contornar obstáculos e derrubar barreiras; o próprio ritmo de vida, em vez de ser um deleite, torna-se uma prisão da qual não apenas não conseguem fugir, como parece fortalecer-se cada vez mais. Pior ainda, é quanto tudo isto se desenvolve como se nada de anormal se passasse; podem simplesmente argumentar a clássica lamentação que alega não terem alternativa, ou até acomodarem-se como se as vicissitudes da vida tudo justificassem, até mesmo aquilo que os destrói.

Mesmo quando se proporcionam oportunidades para uma pausa que sirva de refrigério, não conseguem. Tão habituados no novo estilo, direi melhor correria desenfreada, acabam por manifestar essa mesma ânsia pela quantidade e velocidade em tudo o resto, como se o cérebro já não funcionasse de outra maneira.

Por exemplo, quando nos juntamos em ocasiões especiais da Igreja, como um acampamento ou um retiro, será que nos damos conta que até nos podemos estar a dedicar de alma e coração, com toda a entrega possível e ainda mais alguma, para simplesmente chegar ao fim com uma exaustão maior do que quando começamos? Será que até fazemos, mas não beneficiamos? Poderá ser que apresentamos serviço e podemos preencher belos relatórios com números que parecem indicar prosperidade, mas deixamos uma lacuna, uma carência enorme em termos conteúdo prático, espiritual, revigorante, edificador e de resultados eternos?

Nessas ocasiões, a que tipo de construção estamos a dar prioridade? Será que estamos a educar e formar excelentes remadores de canoas, habilidosos artistas de rappel e outras atividades ditas radicais, magistrais leitores de cartas topográficas, etc., que ao mesmo tempo têm dificuldade em encontrar na Bíblia livros como Esdras ou Tito, que não sabem fazer uma oração em público, que não fazem ideia de como dirigir um estudo bíblico, que nunca experimentaram fazer uma visitação, que dificilmente mencionam corretamente os Dez Mandamentos, muito menos as bem-aventuranças, que não conseguem enunciar mentalmente os nomes das tribos de Israel ou dos apóstolos e que não são capazes de relatar uma única parábola de Jesus...?

Creio que as palavras da irmã White (Mensagens aos Jovens, p. 21) são bem esclarecedoras:
"Deus quer que os jovens se tornem homens de espírito zeloso, a fim de estarem preparados para a ação em Seu nobre trabalho e serem aptos a assumir responsabilidades. Deus pede jovens de coração incorrupto, fortes e valorosos, e determinados a combater varonilmente na luta que se acha diante deles, a fim de glorificarem a Deus e beneficiarem a humanidade. Se a juventude apenas fizesse da Bíblia o seu estudo, apenas serenasse seus impetuosos desejos e ouvisse a voz de seu Criador e Redentor, não só estaria em paz com Deus, mas ela própria se acharia enobrecida e elevada. É de interesse eterno para vós, meu jovem amigo, atender às instruções da Palavra de Deus, pois elas vos são de inestimável importância.

Rogo-vos que sejais prudentes, e considereis qual será o resultado de levar vida desordenada, não regida pelo Espírito de Deus. "Não erreis: Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção." Gál. 6:7 e 8. Por amor de vossa alma, por amor de Cristo, que Se deu a Si mesmo para vos salvar da ruína, detende-vos no limiar de vossa vida, e pesai bem vossas responsabilidades, vossas oportunidades, vossas possibilidades. Deus vos deu oportunidade de ocupar um alto destino. Vossa influência pode pesar na balança em favor da verdade de Deus; podeis ser cooperadores Seus na grande obra da redenção humana."
Caro jovem, se estás a perder tempo com coisas que, embora importantes, não são o melhor que Deus tem para ti, pára! Reformula projetos, prioridades de vida, e adequa as tuas escolhas segundo o conceito Daquele que te trouxe a este mundo para O servires!

Então, inteiramente nas Suas mãos, estarás totalmente seguro quanto ao teu futuro, e terás, certamente, a maior das competências que podes desejar

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